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Foto do escritorNélia Silva

A gestão da rega é uma peça fundamental em qualquer projeto de regadio

Entrevista à Aquagri News.


Jorge Froes, promotor do Projeto Tejo, está convicto de que na próxima década as dotações de rega em agricultura vão ser reduzidas em 30%, graças a estratégias de gestão da rega com monitorização dos consumos em tempo real, como as implementadas pela Aquagri.

Jorge Froes é formado em Engenharia Rural e tem várias décadas de experiência na execução de projetos hidráulicos, incluindo diversos no Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva. Trabalha na empresa Planos Essenciais.



O Projeto Tejo -Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Tejo & Oestepretende expandir a área de regadio no Vale do Tejo, no Oeste e na Península de Setúbal até 300.000 hectares, através da construção de açudes e novas barragens ao logo do rio Tejo, com ligações ao rio Liz e ao Rio das Enguias. Uma intervenção de grande envergadura, que tornará o Tejo navegável, desde Vila Franca de Xira até Abrantes, contribuindo também para desenvolver outras atividades económicas, como o turismo e a piscicultura. A ambição dos seus promotores é concretizar o projeto num prazo de 30 a 40 anos, com um custo estimado de 4,5 mil milhões de euros.

O Projeto Tejo foi apresentado publicamente no início de 2018 e está agora numa fase de angariação de fundos para avançar com os estudos técnicos preliminares e o estudo de viabilidade económica. Entretanto, foi criada em Setembro a + Tejo -Associação para a Promoção do Desenvolvimento Sustentável do Tejo, com a missão de reunir financiamento e realizar a divulgação do projeto.

«Já conseguimos 1/4 da verba necessária, pelo que prevemos que os primeiros estudos, os mais importantes, arranquem em Outubro», revela Jorge Froes, acrescentando «esperamos que estes estudos provem ser viável o investimento privado nas infraestruturas e equipamentos, ao contrário do Alqueva, que é totalmente público». Em causa pode estar a entrada de capitais ou um acordo com a EDP, em que a empresa ceda a água das barragens que gere no Tejo em troca da compra de energia que o futuro Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Tejo & Oeste vai necessitar. «O presidente da EDP, António Mexia, recebeu-nos e mostrou-se aberto a discutir uma proposta de gestão integrada dos recursos hídricos», garante o promotor.

Gestão de rega e monitorização do clima

Questionado sobre a importância da gestão da rega e da eficiência do uso da água pelos regantes e futuros beneficiários do Projeto Tejo, Jorge Froes não tem dúvidas de que «a gestão da água vai ser no futuro a coisa mais importante em todos os projetos de regadio» e vai mais além: «os técnicos vão reduzir em 30% as dotações de rega num horizonte de 10 anos». Em sua opinião, a implementação de estratégias de rega deficitária controlada, já usadas nas vinhas e nos olivais, vão alargar-se a outras culturas agrícolas e «requerem automatismos e sondas como os que a Aquagri fornece, pois a gestão da rega é uma peça fundamental em qualquer projeto de regadio, inclusive no Projeto de Tejo».

A quebra dos consumos unitários de água na agricultura já é evidente e tende a intensificar-se. «O olival que neste momento consome 3000 m3 de água/hectare vai passar para os 2000 m3 e o milho que há uns anos consumia 8000 m3 já está nos 6000 m3 e as contas que fazemos é que vai baixar para os 4500 m3 daqui a 10 anos, recorrendo às sondas de humidade de solo e a serviços de gestão da rega», explica Jorge Froes.

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